O
Mensageiro dos Orixás EXÚ
ou ÈSÙ.
EXÚ
ou ÈSÙ.
Exú
NOTA: As duas formas de escrever o nome do Orixá estão corretas; na
língua Yorubá não exsite a letra "x", usa-se a letra
"s"...
Exú
é sem dúvidas a figura mais controvertida dos cultos
afro-brasileiros e também a mais conhecida e comentada. Há antes de
mais nada, a discussão de que Exú seria um Orixá ou apenas uma
entidade diferente, que ficaria entre a classificação de orixá e
ser humano.
Sem
dúvidas ele trafega tanto pelo mundo material (ayé) onde habitam os
seres humanos e todas as figuras vivas que conhecemos, como pela
região do sobrenatural (orum), onde trafegam os orixás, entidades
afins e almas dos mortos.
Não
existe culto (seja na Umbanda ou nas nações do Candomblé) onde não
se faça necessária a presença do Orixá Exú. É ele que inicia
todo processo espiritual de contato com os Deuses do Panteão
Africano.
É
o primeiro orixá a ser louvado em qualquer culto afro-brasileiro,
pois depende dele a permissão para que se possa fazer o contato
necessário com o mundo espiritual.
Exú
é o telefone que liga os planos material (ayé) ao plano espiritual
(orum), e da mesma forma que faz essa comunicação, Exú também tem
o poder de interromper a mesma, causando várias vezes dificuldades
de incorporação e problemas de ordem espiritual.
Por
isso, a grande maioria dos Zeladores do Santo prega a seriedade e a
ordem no início dos cultos quando se louva a Exú.
Embora
culturalmente seja muito falado e confundido por vezes com forças
malignas ou negras, Exú é alta patente dentro do mundo dos Orixás,
recebendo "status" de alta autoridade.
Orixá
quase sempre sem noção do poder que possui, Exú é freqüentemente
lembrado em lendas onde desafia orixás e algumas vezes torna-se
vencedor.
Esse
poder foi traduzido mitologicamente no fato de Exú habitar as
encruzilhadas, passagens, os diferentes e vários cruzamentos entre
caminhos e rotas, e ser o senhor das porteiras, portas, entradas e
saídas.
Isso
não entra em contradição com o fato de Ogum, o orixá da guerra,
ser considerado o senhor dos caminhos. Além da grande afinidade
entre as duas figuras míticas (que são irmãos de acordo com as
lendas), Ogum é o responsável pelo desbravamento, pelo desmatar e o
criar de novos caminhos, pela expansão imperialista do reino,
enquanto Exú é o senhor da força (axé) que percorre os caminhos.
Da
onde vem a ligação de Exú a um suposto "Diabo" ?
Como os
africanos não podiam cultuar seus deuses em liberdade, mascaravam a
prática em cultos católicos, como se tivessem se convertido a
religião dominante, para escapar dos castigos.
Aproveitando
que alguns jesuítas tentaram usar o conjunto de mitos africanos
moldando-o na medida do possível às configurações católicas para
apressar o aculturamento, os negros faziam completos cultos de
candomblé, mas colocavam figuras de santos católicos nos altares,
sob os quais ficavam os assentamentos verdadeiros dos orixás que
tinham trazido da África ( onde surgiram os sincretismos com os
Santos da Igreja Católica – para os Africanos Ogum era o Deus da
guerra e viram em São Jorge a figura de um guerreiro que se
encaixava no perfil da divindade africana).
Como
precisavam de um (Diabo), os jesuítas encontraram na figura de Exú o
orixá que poderia, meio forçadamente, vestir a roupa, provavelmente
porque, sendo o mais humano dos orixás, a ele se pedia interferência
nas questões mais mundanas e práticas, o que resulta que a maior
parte das oferendas do culto vá para ele.
Exatamente
por isso, Exú era a divindade que protegia, na medida do possível
os negros dos repressivos senhores. Os pratos de comida oferecidos
ritualisticamente (ebós) para Exú eram deixados nas encruzilhadas
próxima a casa grande e constituíam a parte visível do
ressentimento dos negros.
Era
para Exú que pediam desgraças para seus senhores.
Numa
circunstância de luta, aquele que pratica o bem para um (atacando o
outro) também pode ser visto, pela ótica do antagonista, como o que
faz o mal.
Assim , os senhores de engenho viram em Exú o Demônio
que os negros lançavam contra eles. Dois
outros fatores associam Exú ao Demônio: o fogo, elemento do Diabo e
também freqüente nos cultos e oferendas para o mensageiro dos
orixás africanos; e o sexo, território considerado tabu pelos
católicos, e o prazer – em geral, as atividades preferidas de Exú. É Exú quem está presente no ato da fecundação, no exato momento
da criação do ser humano
(
Exú tem as égides no ato da fecundação, passa para Oxum que
conduz toda a gestação, esta por sua vez passa para Nanã no ato do
nascimento para que esta peça a Oxalá a autorização para a nova
vida, após o nascimento a responsabilidade é do Orixá que tomará
conta daquela ori (cabeça) pelo resto da sua existência juntamente
com Yemanjá, por ser esta a responsável pelo constante
aprimoramento do ser humano.
O
Arquétipo dos seus filhos
Embora
muitas pessoas tragam em seus oris a energia do Orixá Exú,
dificilmente é sabido do médium que ele é filho do Grande Senhor
das Encruzilhadas. Na grande maioria das vezes os (as) Zeladores
(as), não dão como Orixá de cabeça o Senhor Exú, geralmente é
dada na cabeça dos filhos deste Orixá o Eledá (primeiro santo) de
Ogum. Troca quase sempre aceita, já que Exú e Ogum são irmãos.
São pessoas intempestivas, de certa forma nervosas, gostam de festas
e brincadeiras. Assim como seu Orixá, não aceitam certos
desrespeitos e quando enfurecidos, partem para uma vingança sem
piedade. São amantes fogosos e carregam em si a responsabilidade
de servir as pessoas, nunca se importando em serem pagos por isso.
O
Culto ao Orixá
Exú
é sempre cultuado por qualquer iniciado das nações africanistas e
mesmo por meros simpatizantes que procuram um babalorixá para a
resolução de problemas práticos, como relacionamentos amorosos,
brigas, disputas profissionais, vendas complicadas, etc. Cada ser
humano tem seu próprio Exú, assim como tem um orixá de cabeça e
um segundo orixá, o ajuntó. Todo terreiro também tem seu Exú
protetor, que zela pela segurança da casa ou terreiro (ilê) ,
contra males encarnados ou desencarnados. Segundo a tradição
iorubana, cada orixá tem seu próprio Exú, que funciona como seu
servo, possibilitando o contato entre as diferentes divindades. Seu
dia de culto é as segundas-feiras (certas falanges trazem a
Sexta-feira como dia de culto), suas cores são o preto e vermelho
(cores como amarelo, branco ou roxo, indicam a falange e a área de
atuação daquele Exú), sua saudação é Laroiê!!. Sua comida
ritualística é a farofa de dendê (farinha de mesa misturada ao
azeite de dendê), os animais mais freqüentemente sacrificados a
este orixá são os frangos pretos, galinhas d’angola e bodes, seus
pais são Yemanjá e Oxalá, sua função é a comunicação entre os
planos astral e material, seus domínios são as porteiras e
encruzilhadas, e seu instrumento de atuação é o ogô ou insígnia.
Dentre os exús mais conhecidos podemos citar:
Exú
Tranca Ruas, Exú Veludo, Exú Tiriri, Exú Caveira, Exú Tata
Caveira, Exú Pinga Fogo, Exú Marabô, Exú Pantera Negra, Exú
Lalu, Exú Mangueira, Exú Morcego, Exú Mulambo, entre outros. Entre
as pomba-giras mais conhecidas podemos citar: Maria Padilha, Maria
Mulambo, Maria Figueira, Rosa Caveira entre outras.
OS
EXUS ESTÃO DIVIDIDOS EM 7 GRANDES LINHAS.
Exus
do Cemitério: É
formada por Exus sérios de Omulú (Rei dos Cemitérios). Não
costumam dar consulta, se apresentam principalmente em grandes
obrigações, trabalhos e descarrego.Ex: Sr. Tata, Sr. João Caveira;
D.Maria Quitéria; D. Rosa Caveira; Sr. sete Catacumbas; Sr. sete
Facas, etc...
Exus
da justiça: Esta
linha é formada por Exus que sevem ao Orixá Xangô, são os mais
sérios, carrancudos, não aceitam brincadeiras, dificilmente se
percebe estes exus dando um gargalha ou fazendo rodeio para falar.
Ex. Marabá, Exu dos Raios, Capa Preta, Pedra Preta, Exu da Pedra
Quente, Cigana Esmeralda, Maria das Montanhas, etc...
Exus
da Encruzilhada: Esta
linha é formada por Exus que servem ao Orixá Ogum. Não são
brincalhões como os Exus da estrada, mas também não são tão
fechados como os do cemitério. Gostam de dar consulta e também de
participar em obrigações e descarrego. Alguns deles se aproximam
muito da linha do cemitério, são os que chamamos de "Encruza
pesada", enquanto outros se aproximam mais da linha da estrada,
"Encruza leve".Ex: Sr. Tranca Rua; Sr. Veludo; Maria das
sete Encruzilhadas; Sr. sete Encruzilhadas; D. Maria Mulambo; etc...
Exus
dos Caminhos: Esta
linha é formada por Exus que servem ao Orixá Oxossi, São os mais
"carismáticos". Suas consultas são sempre recheadas de
boas gargalhadas, porém é bom lembrar que como em qualquer consulta
com um guia incorporado, o respeito deve ser mantido e sendo assim
estas "brincadeiras" devem partir SEMPRE do guia e nunca do
consulente. São os mais dão consultas em uma gira de Exu, se
movimentam muito e também falam bastante, alguns chegam a dar
consulta a várias pessoas ao mesmo tempo.
Nesta
linha trabalham vários Exus dos caminhos propriamente dito, como
também os Ciganos, Ex: D. Maria Padilha; Sr. Zé Pelintra; D. Rosa
Vermelha; Sr. Tiriri; A Cigana a Ciganinha, Exu Mangueira, etc...
Fazemos
uma observação valiosa, que o Exu Mangueira e o Exu do Tiriri, em
especial, apesar de já terem atingido um certo grau de evolução,
optaram por continuar sua jornada espiritual trabalhando como Exus,
por serem os últimos de uma hierarquia importantíssima, que
realizaram com sabedoria sua missão, e agora colaboraram com todos
que um dia os ajudaram na evolução do seus superiores diretos.
Exus
das Águas: Esta
linha é formada por Exus que servem aos Orixás Nanã, Oxum,
Yemanja, em suas apresentações se mostram pacientes e atenciosos,
mas limitam as suas ações aos campos sentimentais e da fertilidade.
Gostam
de auxiliar e amparar os trabalhos direcionados para os campos
sentimentais e emocionais gostam de dar consulta demoradas e não
participam com simpatia de obrigações de demandas. Alguns deles se
aproximam muito da linha dos caminhos, são os que chamamos de
"Encruza leve". Ex. Exu do Lodo, Exu da Pedra Fria,
Exus
do Tempo: Esta
linha é formada por Exus que servem a Orixá Yansã, São os mais
"ecléticos e versáteis". Em suas consultas devemos estar
preparados para escutar muitas vezes o que não desejamos. Eles atuam
em todos os campos em todos os lugares abertos, auxiliam todos sempre
que necessário, em muitas oportunidades são responsáveis pelas
mensagens entre as varias faixas existente. Ex. Exu Ventania, Exu
gira Mundo, Exu Corre Gira, Maria da gira, Ciganinha da Roda,
Exus
Reis: Esta
linha é formada por Exus que servem ao Orixá Oxalá, São os mais
"ecléticos e versáteis". Suas consultas são sempre
recheadas de ensinamentos e de informações, que induzem os
presentes a pensar e se analisar.
Eles
atuam em todos os campos vitalizando em todos os lugares, auxiliam
todos os outros em todas as atividades, poucas vezes vemos eles à
frente dos trabalhos, mas em muitas oportunidades são responsáveis
por tudo. Ex. Exu Rei, Exu maioral, Exu Maior, Maria Padilha, Maria
Cigana, etc.
São
exigentes quanto ao preparo do filho de fé (moral, físico,
espiritual e ritual);
São
exigentes quanto à limpeza e ordem, tanto dos seus objetos quanto do
ambiente;em palavra e honra;
Médium
e Exu
Muitas vezes, ele funciona como um espelho, refletindo em seu comportamento os defeitos e qualidades de seu médium. Não estamos falando aqui de mistificação nem animismo e sim de um comportamento em que pela convivência um exterioriza qualidades e defeitos do outro.Apesar de Exu ter opinião própria a manifesta em linguagem simples e direta de forma que todos entendam. É ele a entidade mais próxima a nossa realidade e anseios materiais. Quando o médium começa a se desenvolver costuma ouvir que há a necessidade de doutrinar seu Exu. É natural que o médium não tenha doutrina no inicio de sua jornada espiritual e Exu exterioriza isso em seu comportamento, após boa doutrinação da entidade veremos a necessidade de doutrina também para o médium que acaba de chegar na casa. Durante o desenvolvimento mediúnico é ainda natural que o Exu se apresente pedindo sua oferenda, pois sua força é potencializadora e vitalizadora da mediunidade.
Este mesmo médium que está iniciando na Umbanda encontra todo um universo novo aos seus olhos e Exu costuma ser algo intrigante e fascinante ao mesmo tempo; quando não uma entidade, força, que assusta um pouco os que não o conhecem.
A questão é: Enquanto o médium estiver preocupado com a doutrina de “seu” exu estará também doutrinando-se, subconscientemente!
Devemos, sim, estar atentos quando nos deparamos com entidades de esquerda sem doutrina, muitas vezes estão chamando nossa atenção a seu médium para que tomemos uma atitude doutrinária em relação a ambos.
Tudo isso é bem diferente de um obsessor ou quiumba, trazido por transporte, que normalmente tem comportamento rude e agressivo. Falamos aqui do Exu de lei que acompanha o médium como entidade de trabalho na esquerda.
Não devemos subestimar Exu achando que é entidade sem luz desprovida de evolução, observando apenas um aspecto externo e superficial, pois quando vamos com a farinha ele já voltou com a farofa, devemos sim ficar atentos com o que nos dizem nas entrelinhas ou o que querem nos passar, quando não podem ou não se sentem a vontade para revelar.
Quanto ao que pode revelar, pergunte a ele sobre seu médium e o comportamento do mesmo e verá que Exu é o primeiro a apontar os defeitos de seu “cavalo” e isto está ainda dentro da qualidade especular de Exu.
No desenvolvimento mediúnico é ele um elemento de muita importância, pois dá força e potencializa as faculdades mediúnicas, não é difícil encontrarmos Exu pedindo para ser oferendado logo no inicio da vida mediúnica.
Em uma casa de luz, em um terreiro de umbanda de fato, Exu não aceitará trabalhos de ordem negativa a favor de futilidades ou egoísmos. Veremos Exu trabalhando com seriedade e em sintonia com as entidades da direita, ou seja não virá em terra para contrariar todo um trabalho de doutrina realizado por caboclos e pretos velhos. Encontraremos até exus dando consultas, limpando e descarregando consulentes, fazendo desobsessão e outras coisas mais dentro do mesmo objetivo e até dando bons conselhos aos que a ele procuram.
Por tudo isso somos gratos a Exu e Pombo gira por trabalharem conosco a favor da luz, e afirmamos muito do que se fala de Exu e Pombo-gira ligado a magia negativa, nós desconhecemos, sabemos que muitos tentam se passar por Exu mas aí já não é mais Umbanda. Umbanda acima de tudo é Amor e Caridade, Exu não deve vir em terra para dar o contra no trabalho de direita.
Texto extraído do JUS - Jornal da Umbanda Sagrada
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