As madonas negras começaram a proliferar por toda a Europa a partir dos séculos 10 e 11.
Muitas delas, como a Madona de Le Puy, possuem ligações misteriosas com o Oriente, possivelmente através das Cruzadas – acredita-se que elas fossem uma efígie adaptada das deusas célticas e egípcias.
Outras, como as magníficas Madonas Negras entronizadas de Orcival e Clermont, sugerem uma derivação da Grande Mãe em majestade, seu filho divino sentado lembra os Mistérios de Osíris, Atis e Adônis, sua autoridade emana a sabedoria de Santa Sofia de Bizâncio.
Todas essas deidades eram conhecidas por terem sido celebradas na Provença, clássico reduto cátaro, originalmente pelos gregos e posteriormente pelos romanos. Porém os celebrantes mais antigos podem ter sido os egípcios, já que eles e os fenícios usaram Marselha como porto.
Como Mãe Terra, a Madona Negra era cultuada no mundo pagão com as faces das Deusas do Olimpo, mas, com o início da Era Cristã, esse culto passou a ser clandestino. Seus ecos que chegam até nós são os Mistérios de Elêusis, nos quaia se cultuavam Deméter e Perséfone.
As três grandes Deusas do leste: Ísis, Cibele e Diana de Éfeso, que eram representadas como deusas negras, foram estabelecidas no Ocidente antes da dominação romana.
Em Paris, já em 679 d.C., Dagoberto II estabelecia o culto àquela “que hoje recebe o nome de Nossa Senhora da Luz”, que é a nossa “Ísis Eterna”. Talvez esse seja o marco da transformação da Mãe Terra pagã para a Virgem cristã.
As Cruzadas, porém, foram as grandes divulgadoras da Madonas Negras. Estatuetas negras encontradas em fontes, grutas, galhos de árvores, das quais emanava um profundo sentimento do Sagrado, eram trazidas por eles, que as cristianizavam, colocando o manto e a coroa de Nossa Senhora sobre uma estatueta pagã.
Elas traziam uma força incontrolável de liberdade e seu culto era possuidor de um espírito de sabedoria própria, que não se submetia a nenhuma organização ou lei nacionalista.
É a volta do aspecto materno divino, que levanta o entusiasmo popular, trazendo-a a um primeiro plano da consciência coletiva. A Humanidade experiencia as mais recentes faces das Madonas Negras e Brancas, com as aparições marianas da Virgem de Lourdes e La Salete no século 19, e Fátima no século 20.
A maioria dos estudiosos das Deusas defende a ligação a cultos muito antigos, talvez até mesmo pré-históricos, relacionados com a terra, o útero, a Mãe Terra, a Deusa Mãe, que também era conhecida no paganismo como a Deusa de Fertilidade, de Fecundidade, tal como nos cultos célticos e mesmo nos cultos anteriores, como os cultos a Cibele, a Demeter e à deusa egípcia Ísis.
Esta última é, muitas vezes, representada com um bebê nos braços ou no colo, o deus Hórus, tendo-se o seu culto difundido por todo o território do Império Romano, definindo um “protópito” das posteriores imagens marianas do cristianismo, tendo até acontecido, no século 5º d.C., a rededicação de um templo de Ísis à Virgem Maria, em Soissons, na França.
Muitas das estatuetas foram encontradas nos lugares sagrados das deusas antigas, onde posteriormente ergueram-se as igrejas cristãs dedicadas a Maria ou algumas santas.
Foi comprovada, também, a conexão entre essas estatuetas e o culto gnóstico dos séculos 11 e 12 com os “troféus” trazidos pelas Cruzadas do Oriente Médio (estatuetas saqueadas dos templos das deusas acima mencionadas) e com a influência moura durante seu domínio na Espanha.
Na França, já foram localizadas mais de 300 Vierges Noires, das quais sobreviveram intactas cerca de 150, as demais tendo sido pintadas de branco pelos monges, destruídas por fanáticos ou roubadas.
As mais famosas Madonas Negras são as da Catedral de Chartres (França), de Montserrat (Espanha) e Czestochova (Polônia). Das estatuetas pós-renascentistas, podemos mencionar Nossa Senhora de Guadalupe (México) e Nossa Senhora Aparecida (Brasil).
Madonas Negras e Brancas
Diversos mosteiros e igrejas foram consagrados às Madonas. Alguns possuíam uma madona negra, e outros, branca. Por que essa diferenciação? Alguma relação com os conhecimentos iniciáticos dos cátaros, e especialmente, dos cruzados?
Sob o ponto de vista gnóstico, as cores das madonas representavam o grau esotérico que era passado nesses templos, que na verdade não passavam de Escolas Iniciáticas disfarçadas de igrejas católicas.
Os mosteiros contendo uma madona negra eram indicativo de que seus ocupantes eram estudantes de Alquimia Gnóstica iniciantes, ou seja, estavam iniciando seus estudos e práticas dos 3 Fatores. Na simbologia maçônica, os membros equivaliam ao Grau de Aprendiz.
Já os mosteiros contendo uma madona branca eram um indício de que os seus membros eram iniciados de graus mais avançados, o equivalente na Maçonaria Iniciática ao Grau de Companheiro.
(gnosesonline.org)
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